sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Improgressivo

A mochila está pesada, não tenho conseguido desapegar das perdas do caminho. Engraçado! Ela está vazia, porque só tem memória e memória, meu amigo, não se vê, mas pesa! Ô se pesa!
Por isso tenho tido dores de cabeça incansáveis. Elas ficam corroendo meu cérebro e tudo que tem nela. Não há mais espaço para nada, as memórias tem me tomado. E com elas, por isso que pesam, tem vindo tanta coisa junto! Tem saudades, tem mágoa, amor, ódio, rancor.
Já tinha esquecido como era transbordar sentimento, mas estas lembranças me tem causado tanto conflito dentro, ando impaciente. Tenho caminhado pouco, mas como poderia ser diferente? Andar com uma mochila pesada assim cansa! Paralisa! E que intranquilidade me causa aquilo que é parado, estático, sem vida, sem cor.
Tenho tido insônia, mas é a dor que chega quando eu me deito, não sei se é a dor causada pelas memórias ou se é a dor física que causa o peso da mochila cheia delas.
É tão infantil reprovar na lição do esquecimento que a vida aplica! É infantil porque é nível de sobrevivência. Não tem como percorrer um caminho com tanto peso assim. Como eu faço então para deixar tudo isso no caminho?

É como se o trem tivesse parado no trilho, simplesmente porque não pode mais correr, não tem mais força pois traz muita bagagem junto. Você olha pela janela, vê a paisagem e pensa que pode ficar ali experimentando cada detalhe dela. Você não esquece o infinito, porque ele também está ali na paisagem, mas pensa que pode deixar pra depois, fica no mundo enquadrado pelo vidro de uma janela. Você já está um pouco adormecida a ponto de não perceber que o tempo passou e se pergunta por quanto tempo ficou ali parada e por quanto mais tempo terá de ficar. Então você percebe que terá de deixar coisas no caminho, na marra, para que o trem possa andar novamente, para que você possa conhecer outras paisagens, viver outros lugares e encher a mochila de outras e novas lembranças. 

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