quinta-feira, 30 de outubro de 2014

l'amour entre deux tortues... doucement e toujours...



 Com o tempo...

...andando bem a seu jeito, Devagar e Sempre,eles se encontraram, agora sim, de fato, frente a frente.
Pois que apesar de ser indelével e contínuo, com a sua linearidade já posta por terra, seja por físicos, filósofos ou esta outra casta que tanto conta estrela quanto grão de areia, os escritores, outros encontros, de viés, como que esbarrões, meio de lado(o sorriso com o mais puro azul dos olhos-entre um ônibus e outro) já haviam se dado.
De uma feita, a mesma poça, levara os dois a um salto bem parecido, coincidência que caso voltasse a repetir-se de outras formas acabaria por tirar o plausível da história não nos tivesse já acostumados com o absurdo, companheiro contumaz de nossa estada.
A primeira luz da lua após as três noites escuras de um ciclo lunar que seria como outro qualquer, desde que o satélite de nós se desprendera, também escolhera desenhar a silhueta dos vêrtices desta história, cada um em seu mundo, cada qual em seu chão.
Em uma praça enquanto ele arrancava cabeças de formiga, empinava pipa, subia-descia no escorrega e chutava bola, ela passeava de mãos dadas, já que o tempo para um corria enquanto para o outro se espreguiçava para passar.
Quando deu-se o choque do encontro na fronteira das elipses de seus mundos, um vento negro soprava de rastros no chão e com uma lufada capaz de arrancar um baobá pelas raízes ergueu-a até o infinito deixando para trás somente o cheiro de pitanga que ele desde criança sentia não sabia de onde.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Tempo Espaço Experiência

Juliana está distante 160 km de seu primeiro amigo de infância e 28 anos do seu primeiro dia de escola.

Augusto está a duas horas de descobrir uma nova fórmula, utilizando cera de abelha como base, longe 10 km da estratosfera.

Mariana está separada de seu vizinho apenas por uma parede de 12 centímetros de espessura, distante 3.254 dias daquela vez que foi vista pela primeira vez com seus olhos de saudade eterna.

Há quatro meses que aquele cara deixou de acariciar suavemente as costas nuas de Dani, numa tarde tranquila de outono. Ela está a 1 centímetro do beiral da janela de sua casa.

Passaram-se quase vinte mil horas desde aquela vez em que Pinha, sentado nos destroços de uma antiga construção portuária, sentiu que as ondas estavam se fundindo com o concreto. Ele está a duas quadras da Avenida Consolação.

Faz mais de 10 mil minutos que Gustavo experimentou a sensação do primeiro beijo. Ele está há 5.325 Km de Boca Arenal.

Há 676 segundos Jin Down iniciou sua mais recente tentativa de se livrar do alcoolismo. Está a 500 centímetros da garrafa mais próxima.

Isabel não vai sair de casa, pois seu único destino imaginável encontra-se a dois bilhões de milímetros. Faz cinco minutos que ela acordou sobressaltada e acendeu o seu último cigarro.

Rodrigo está a 0.2 centímetros do bisturi. Há 180 minutos ele passava de ambulância no centro da cidade.

Já se foram 25 anos daquele fim de tarde em que Eduardo descobriu que Deus não existia. Às vezes, como agora, ele sente que não há distância que o separe de qualquer coisa.

Isabel está há 1.440 segundos do momento em que, da janela do avião, avistou a circunferência a Terra, quando comprovou num estremecer de corpo inteiro que ela é redonda. Está a dois andares de altura daquela sua professora que lhe reprovou em redação.


Todos eles se encontraram há três horas no vai e vem do centro da cidade, cruzamento da Avenida Consolação com a Rua das Tormentas, nos 45 segundos em que o sinal estava aberto para o trânsito. Ali eles ficaram a poucos centímetros uns dos outros.

O Papa é pop



Por Marcela Uliano da Silva. 

Além dos discursos super ponderados e embasados (em nada?) sobre as eleições presidências brasileiras, hoje não se falava em outra coisa nas redes sociais a não ser na declaração do Papa chicano de que a teoria da evolução das espécies e do Big Bang são corretas.

Deixando de lado os vários problemas relacionados ao "agora pode", "agora não pode" da igreja (e de qualquer instituição que baseie suas afirmações em fé, e não em evidências), vou entrar no que mais me incomoda nessa história toda: eu fico me perguntando o que as pessoas realmente entendem por teoria da evolução

Segundo o site do Globo, o Papa teria afirmado que "... Deus criou os seres humanos e deixou que eles se desenvolvessem de acordo com as leis internas que ele deu a cada um para que eles cheguem ao seu cumprimento...". 

Com essa afirmação, Francisco não me parece estar aceitando o que a teoria (que é tão real e baseada em evidências quanto a teoria gravitacional) de fato sugere: que as espécies evoluem de acordo com a seleção natural, e que esse é um processo não planejado, ao acaso. E constante.

Todos nós descendemos de um ancestral comum, e o DNA como material genético de TODAS as espécies, desde bactérias até o homem, está aí para provar isso. Além disso, as espécies habitantes da Terra não foram sempre as mesmas; as espécies derivam, evoluem. Mais ou menos assim: existe a diversidade gênica (e o sexo tem grande papel nisso!) e então a influência de fatores ambientais, que ajuda a fixar ou eliminar genes (os genes vantajosos ou desvantajosos) criando assim a diversidade, que pode levar a um evento de especiação; a criação de uma nova espécie. Infelizmente não conseguimos acompanhar esse processo durante o nosso tempo de vida porque ele leva milhares de gerações para acontecer.

No entanto, precisamos tirar uma conclusão básica a partir das evidências da teoria da evolução: se as espécies na Terra não foram sempre as mesmas, se elas evoluem constantemente, e se o homem é uma dessas espécies, então o ser humano não é o ponto máximo da evolução. 

Ainda estamos mudando. E estaremos sempre.

Tendemos a utilizar a palavra evoluir com um sentido positivo; como se algum ser (ou pessoa, ou crença, ou raça, ou sistema educacional) mais evoluído fosse algo melhor. E é por isso que eu gosto tanto da expressão derivar. Porque um organismos mais derivado (ou evoluído), nada mais é do que uma espécie mais recente do que um(s) ancestral(is) a ela na árvore da vida. Isso significa que ela passou por mais passos evolutivos do que a outra espécie, mas não que é uma espécie melhor. É bem provável que a espécia mais derivada seja mais bem adaptada ao meio naquele momento, mas isso não significa que seja melhor. Muitas vezes, derivar (ou evoluir) significa perder algumas características (como asas, e assim a habilidade de voar para algumas espécies), e estamos sempre acostumados a associar a evolução com organismos complexos, cheios de diferentes órgãos. Organismos mais evoluídos podem ser mais simples do que os seus antepassados.

Nesse sentido, se entendemos que a evolução é a 'derivação' e 'melhor adaptação ao ambiente e tempo em que vivem', e não significa ser melhor, então temos que concluir que todas as espécies presentes no Planeta Terra hoje têm o mesmo sucesso evolutivo que os seres humanos. São tão bem adaptadas ao momento quanto ele; elas estão vivas agora!

Ou pelo menos por enquanto.

Gastei um momento para escrever esse texto porque acho que as pessoas não se dão conta do que isso realmente significa. Aceitar a teoria da evolução não significa dizer que as espécies evoluíram devagar de seres primitivos aos seres humanos. Aceitar a teoria da evolução significa entender que somos apenas mais um galho da árvore da vida, e que ainda podemos derivar para uma espécie mais extraordinária no futuro. Isso deveria nos dar um sentimento de extrema humildade (que é dificilmente o que vemos os seres humanos fazendo por aí). 

Por mais que o papa, ou qualquer outro líder, afirme que a evolução das espécies é legítima, tenho a forte impressão de que verdadeiramente, ninguém ainda se deu conta do real significado disso. Porque se tivéssemos nos dado conta, não seríamos tão egoístas no trato com todas as outras espécies presentes no Planeta Terra. 

É chegado o tempo de pararmos de abusar da diversidade (consumo excessivo de derivados animais, desmatamento, esgoto não-tratado, para citar só alguns). E agora com a benção do papa. 



Texto publicado pela primeira vez ontem, 28/10/14, aqui

Mais em teoria da evolução aqui

Recomendo esse vídeo do filósofo Mario de Sérgio Cortella. Ótimo para nos darmos mais conta ainda da pequenês da nossa existência. 



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sequestraram o meu Jesus!

(Ney viajando pela América do Sul e aí a gente faz o favor de colocar o post dele...) 

PS: escrevo enquanto pago demasiados guaranis em uma lan house de Assuncion, o texto vai ficar mal escrito e todo sem acento!
É triste quando mesmo você sendo ateu ou pouco religioso sabe o nome e varios religiosos, e pior, você os conhece em tempos de eleicoes! Escutando seus discursos conservadores, de ódio e contra minorías, eu só penso uma coisa: sequestraram o meu Jesus e o vendem como portador de ideias alheias!
Assim, vivemos tempos onde a religiosidade e seus dogmas tem forte influencia no dia-a-dia de seu povo e em decisoes políticas, vide a “rasidade” de discussoes sobre aborto e descriminalizacao de drogas. Discussoes estas que passam a léguas de distancia de um embasamento científico, mesmo entre nossos legisladores. 
Pois bem, assumindo que Jesus foi crucificado em praça publica, esse cara foi no mínimo um agitador, um disseminador de ideias que confrontavam a ordem vigente. Um desses tipos como Tiradentes, Galileu ou Mandela, que como qualquer questionador profundo, é condenado duramente pelos que detém o poder. Regra simples para manter a ordem, sacrifica o questionador e mostra para todos, para que nao façam o mesmo, confere?
Sobre os tais milagres de Jesus, os vejo na verdade, nao como milagres, mas nada mais que certos ilusionismos para passar mensagens. O milagre da multiplicacao dos paes, vejo como nada mais de que o milagre da partilha. Nao creio que Jesus era capaz de fazer pao sem farinha em poucos minutos. O vivente apenas mostrou que se todos compartilhassem o pouco que tinham, todos poderiam saciar sua fome. Agora, estendemos este “milagre” para mil situacoes da nossa vida.
O milagre da pesca, onde varios pescadores estavam cada um a seu jeito pasando redes e nada de peixe, todos cheios de mimimi. Jesus os incentivou, os estimulou e os pôs trabalhar em equipe. E ao fim, os peixes apareceram. Agora, basta aplicar a mensagenzinha para nossa vida cotidiana.
Quando o Nazareno recrimina aqueles que atiram pedras contra Madalena, nao foi um milagre, mas para mim, esse é o maior ensinamento do cara. Ele coloca TODOS como iguais, do menor ao maior dos “pecadores”. Há dois mil anos (!) o cara disse: nao julgue ninguem, cuida da sua vida apenas, ixtepô! Nessa prostituta hoje poderiamos colocar alem da propria prostituta, o favelado, o gay, o imigrante, o nordestino (atualizando para a xenofobia eleitoral). 
E a transformaçao química da agua em vinho na festa de casamento? Para esse milagre eu nao tenho capacidade de interpretaçao. Só posso aceitar, que Jesus deixou a mensagem: Nunca deixe de pedir a saideira se a festa estiver boa !!!! .

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Coragem


A lua é nova. O cigarro queima entre os dedos e penso que o silêncio poderia acalmar a alma inquieta. Não. A inquietude faz parte. O diagnóstico veio em 10 minutos. O sofrimento veio em anos. A cobrança sempre ocorreu e eu nunca tive férias. Cada cigarro que eu acendia, o veneno do remorso me eviscerava. Tomei remédios. “Vai acalmar a alma”. Tomei. Um de manhã. Um de noite. Os anos passaram. As memórias, não. Essas eu sei, hoje, que são para sempre. Que não há pílula que apague ou conversa que resolva. E os anos vieram. As velhas e novas inquietudes (re)surgiram.

Caminhei a noite inteira tentando encontrar o meu próprio silêncio na noite escura. E chovia. Pingava leve e continuamente no meu ombro. Sentia escorrer cada gota pela minha testa, pelo canto do meu olho e meu cabelo pingava. Lágrimas. Chuva. Caminhei sentindo a água lavar o silêncio – aquele que nunca encontrei desde o dia que você decidiu encontrar o seu – para sempre. A coragem dos fracos. A coragem dos inocentes. A coragem que nunca tive.  E admiro a persistência. A desistência. A loucura. Loucura? Loucura é viver sem respirar. Viver esperando. Viver desejando. O desejo dos intocáveis. Viver com medo. Chamaram você de louco. Chamaram você de perdido. Chamaram você de tantas palavras que deixei de escutar.

Os lábios mexiam e o silêncio nunca veio. Você foi. Eu fiquei vagando. Querendo o seu silêncio. Invejando o seu silêncio. E te chamaram de tantos nomes. Acusaram de tantas falhas. Acusaram sem espelhos. E caminhei a noite inteira atrás de uma resposta – não para você, mas para mim. Você foi. Eu fiquei. Querendo. Desejando. Ansiando. Esperando. A vida nunca foi a mesma. A sua. A minha. A nossa. Vaguei por ruas desconhecidas. Sentei em bares estranhos. Conversei com pessoas. Conversei. Chorei. Chorei em ombros que não lembro. Chorei por você. Por mim. Por nós. Pela vida. Pela morte. Pelo desejo dos fracos. Pela coragem dos fracos. Ainda choro.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

nossa amizade

nó no coração
lágrimas entrelaçam
a malha da saudade
moldada na ausência-presença
cartografia da (im)possibilidade

Rafael? presente!
Rafael? estou chegando
a que distância? não importa
presença-ausência
transcende tempo e espaço
na trama do fio entrelaçado

amizade
tecida na simplicidade
não pede licença 
faz a diferença
na geografia das (in)certezas

trama agora mais dilatada
não importa a escala
urdida nos elos da vida
a cumplicidade

na e com a espera
serenidade
marcha sinuosa
no limite dos pontos
vida-morte-eternidade
presença-ausência-presença
nossa amizade.

d.
revisitada em 14/10/2014

                                                                         Foto: Gilliard Lach 

sábado, 11 de outubro de 2014

Um dia perdido



E sexta-feira passou como todos os outros dias. Mais um dia que virou pendência, foi perdido, conta-se em atraso, não pode ser mudado. Um dia em que a euforia e o desespero se cruzam, e no final está distante como os outros. Será que este dia terá algum significado para mim? Decidi algo importante, uma história começou, tive prazer,sorri de forma iluminada, aproveitei a companhia, o lugar, o instante? Qual a intensidade deste dia que passa e qual a intensidade de todos os outros, do passado e do futuro? O que faz dele um dia que não foi perdido? Um dia vivido. 

Se eu soubesse o que quero, talvez pudesse dizer: viver com intensidade e equilíbrio. Talvez sejam dois termos que só possam estar juntos de forma literal em I believe I can fly.  E aí eu complico mais ainda e quero naturalidade, liberdade. Só que eu gosto de programar as coisas. Só que eu gosto de viver o momento. Só que eu gosto de me preocupar com a felicidade alheia. E a apreensão que nos foi mais ensinada que o prazer é opressora do aproveitar a vida.


 O tempo não bastaria para colocar toda a interligação das palavras, pensamentos, ideias, comunicações, sensações, memórias afetivas, colocar tudo no ritmo de uma escuta. Tento me calar. Meu pensamento não me permite. A culpa e o desejo disputam o mesmo espaço. Um documento que não foi entregue, um amigo que não encontrei, a imaginação de uma viagem, a caminhada em uma praia, um quadro de um olhar compartilhado. 

Ocupo minhas mãos para que as tarefas vençam os meus pensamentos, assim venço minha mente e a transformo em apenas mundana.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

As árvores somos nozes


Já adulto, certa vez descobriu algo que até então ele só tinha visto em filmes da Tela de Sucessos. Leone sempre viveu no lado quente do mundo, que mesmo muito arborizado, não via as folhas caírem no outono como no outro lado da força. Num dia frio e ensolarado, Leone caminhava pelas ruas e aos poucos foi percebendo, foi-lhe chamando cada vez mais atenção. Muitas vezes, simplesmente pisava nelas para ouvir o barulho de folha seca sendo amassada, outras vezes as chutava, ou simplesmente as ignorava, randomicamente, como sempre fez na praia com os castelos de areia. Depois de muito andar, Leone resolveu descansar debaixo de uma árvore. Sentou, tomou um pouco de ar e olhou para cima. O sol batia em sua cara com toda aquela grandiosidade de lux - infelizmente Leone estava sem o seu óculos Epos Milano Obolo – e mesmo assim, ou talvez por isso que o que Leone viu não foram só galhos pelados no topo da árvore, apontando para todas as direções.

Deitado no chão em uma tarde fria de sol, em um parque qualquer, os galhos que Leone via se transformaram, o fundo não tinha cor de céu e as linhas que se entrelaçavam mais pareciam... a parada tava ficando sinistra, Leoni esfregou os seus olhos para ver se elucidava a questão e quando os abriu novamente, parecia que ele estava se vendo. Estranho, muito estranho, pensou alto. Não foi difícil se identificar. Leone sempre viajou na Hellmann's e finalmente tinha achado os motivos das razões pelas quais ele sempre foi o que foi. Infelizmente aquele momento passou voando, embora Leone tenha ficado mais de 3h lá deitado. 

Os dias subsequentes foram intensos em buscas de significados. Leone procurou ajuda externa, mas a dificuldade de expressar tudo que havia ocorrido naquele momento, fazia-o brochar. Leone então decidiu ilustrar aqueles momentos e após várias tentativas frustradas de ordem técnica, Leone finalmente conseguiu, e com uma riqueza de detalhes ímpar. E assim, sempre quando o assunto era sobre aquela tarde (sempre!), Leone puxava os papéis, e ía falando, como uma legenda falante.


De acordo com Leone, a imagem acima representa a sua indecisão política neste momento de guerra, rumo ao segundo turno. a) em vermelho, ao fundo, a imensidão de esquerda, presente em toda a vida de Leone, destaca-se pelos traços consolidados e uniformes. Por sua vez, os galhos azuis, são neurônios em crescimento rápido, mas ainda muito frágeis e ainda a procura de uma direção. Interessantemente, esta ordem azulada vem do norte por que “o norte és nuestro sul”. Mas, para a felicidade de Leone, sua mente está produzindo antídotos contra a proliferação azul. b) nesta amplificação, é possível ver os guerreiros da liberdade do tipo Maple (indicado pelas setas brancas) neutralizando a contaminação vindo dos meios conservadores de comunicação. Por fim, as setinhas cinzas mostram células azuis com crescimento interropindo e em processo de degeneração, como indicam as bolinhas nas pontas dos dedos.


Ao terminar esta ilustração, Leone entendeu o porquê de ele viajar tanto na Hellmann’s. Leone acredita ter captado o local e momento exato da sua bagunça mental. a) em uma visão geral daquilo que Leone presenciou naquela tarde, ele identificou ramos de neurônios pró-ativos que aparentemente muito fazem, e que ele chamou de galhos cara de bambu que se aproximam de tentáculos do tipo ponta de anzol, mas não dão atenção para a pensamento que passa. Para entender isto, Leone fez aproximações dos locais intrigantes e descobriu que, em b) os galhos cara de bambu curvam-se ao formato do anzol para promover apenas a fofoca subliminar, ou seja, todo o tipo de besteira que Leone pensa o dia todo (setas brancas). Logo ao lado, as setas cinzas indicam pontos de atração para os galhos de bambu, ou quem realmente não está de preguiça, funciona como uma bússola para os galhos de bambu. Ainda, no círculo no canto superior direito, mostram 4 pontos de atração do tipo bússola atuando em sintonia, denomindada bússola-lingus, é o exato lugar do cérebro de Leone responsável por toda a sua sorte. Um único ponto. É muita falta de sorte! c) Finalmente, Leone identificou por que anda tão esquecido. Leone encontrou muito de pensamentos simplesmente viajando na massa cinzenta. Perceba que um pensamento a jato (indicado no retângulo) não consegue ser alçado por nenhum tentáculo. É onde Leone viaja na Hellmann’s.




Finalmente, Leone encontrou o porquê de todo o seu amor por cerveja e futebol. Descobriu um mundo completamente florido e colorido, na qual acredita ser o sentimento de futebol e cerveja em sua mente, o lugar onde a enciclopédia do futebol é guardada com amor e ativada ao primeiro comentário futebolístico. As sinapses tomam conta! Para ele, isso só foi possível pois foi neste momento que ele se sentiu completamente realizado. Segundo Leone, a imagem acima não necessita de explicações, pois ela fala por si só. Leone se impressionou tanto com o seu próprio trabalho que ele próprio fez com as suas mãos, que já cogita expôr sua "obra" no espaço Nise de Oliveira, sua casa. 




By the way, Leone descobriu que tudo isso aconteceu devido a cogumelo orgânico que o infeliz usou para fazer um risoto bão. No fim, Leone conclui que As árvores também somos nozes!
 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Devaneios sobre o autoconhecimento – O Espelho e o Retrato

O que pinta o retrato é o que de mim reflete no outro.
Há muito quis ser o que de mim eu pintava. Inútil! Pois a mim eu mal conhecia.
Vi reflexos meus sendo mal interpretados e já não me interessou mais posar para poder a mim retratarem.
Brinquei de ser várias cores e formas. Percebi que podia mudar a tonalidade, mas algo na cor sempre ficava apesar da mudança que resultava da mistura com outras cores a quem me apresentavam.
Podia ser eu um retrato do que já haviam me pintado, se a mudança é constante e no espelho do tempo ela reflete?
Eu brinquei de enfeitar o meu reflexo no espelho para ver se a pintura sairia mais bonita.
Guardei todos os retratos e escolhi para quem mostrar.
Os retratos confundiam-se com os espelhos e eu já não enxergava mais a tênue diferença entre os dois. Porque eu poderia ser o que o outro pintava. Porque eu via no espelho o reflexo do outro em mim.
Incorporei alguns retratos com medo do meu espelho aparentemente frágil e desinteressante. Quis ser retrato e apaguei meus reflexos buscando aceitação.
Poderia ser exposição, mas sabia que reflexos eram quase sempre os mesmos, apenas mudados pelas marcas do tempo, aperfeiçoamento, aprendizado e compaixão.
Compaixão por mim e meus reflexos. Tão tímidos no inicio e tão revigorantes quando compreendidos.
Minhas dúvidas zombavam de mim; 
Flexibilidade é ser pintura?
Autenticidade é ser espelho?
Tenho para mim que meus reflexos, assim puramente reflexos sem nenhum jogo de luz, são mais reluzentes que as pinceladas de cores fortes que pintam de diversas formas meu ser.
Mas a pior e eterna busca de todas as esperas me faz angustia e eu me pergunto;
Seria a perfeição a fusão dos dois?
Mas se assim for eu então me perderia de novo,sem encontrar qual seria a verdadeira cor e forma.
Mas há uma cor e forma verdadeiros?
Aprendi que só posso brincar de retratos quando realmente re/conhecer meus reflexos no espelho.

Cristiane Teixeira