sábado, 11 de outubro de 2014

Um dia perdido



E sexta-feira passou como todos os outros dias. Mais um dia que virou pendência, foi perdido, conta-se em atraso, não pode ser mudado. Um dia em que a euforia e o desespero se cruzam, e no final está distante como os outros. Será que este dia terá algum significado para mim? Decidi algo importante, uma história começou, tive prazer,sorri de forma iluminada, aproveitei a companhia, o lugar, o instante? Qual a intensidade deste dia que passa e qual a intensidade de todos os outros, do passado e do futuro? O que faz dele um dia que não foi perdido? Um dia vivido. 

Se eu soubesse o que quero, talvez pudesse dizer: viver com intensidade e equilíbrio. Talvez sejam dois termos que só possam estar juntos de forma literal em I believe I can fly.  E aí eu complico mais ainda e quero naturalidade, liberdade. Só que eu gosto de programar as coisas. Só que eu gosto de viver o momento. Só que eu gosto de me preocupar com a felicidade alheia. E a apreensão que nos foi mais ensinada que o prazer é opressora do aproveitar a vida.


 O tempo não bastaria para colocar toda a interligação das palavras, pensamentos, ideias, comunicações, sensações, memórias afetivas, colocar tudo no ritmo de uma escuta. Tento me calar. Meu pensamento não me permite. A culpa e o desejo disputam o mesmo espaço. Um documento que não foi entregue, um amigo que não encontrei, a imaginação de uma viagem, a caminhada em uma praia, um quadro de um olhar compartilhado. 

Ocupo minhas mãos para que as tarefas vençam os meus pensamentos, assim venço minha mente e a transformo em apenas mundana.

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