Passos
largos de casa ao trabalho revelam que estou em desvantagem na
partida contra o relógio. Mesmo assim vou andando mais por dentro de
mim que na calçada. Manoel me entenderia. Entre uma pernada e outra,
uma mulher parada na calçada me chama. “Moça, onde fica o Mercado
Municipal?”. Na velocidade da luz, me deparo com a primeira, e
talvez única, delicadeza do dia: ela me pergunta o caminho.
A
mulher não imagina, mas eu me regozijo quando alguém me pede as
coordenadas geográficas. “Volte duas quadras, vire à esquerda,
ande mais cinco quadras e pronto!, você estará em frente ao
mercado”, respondo quase sem conter a emoção. Sorrio interna e
longamente, e sigo.
Me
satisfaço ao indicar caminhos. Esses pequenos e fugazes momentos em
que sei dar a direção me realizam. Como é bom saber chegar a algum
lugar. Traçar a rota, levantar a cabeça e, simplesmente, seguir.
Sem medo.
Pode
ser que você tropece numa pedra solta. Aqui há muitas delas nas
calçadas e em dias de chuva, andar por elas, é quase como brincar
de amarelinha. Pode ser que venha alguém e te atropele como aquele
cara fez com o Vanderlei Cordeiro de Lima em Atenas. Pode ser ainda
que alguém te roube a bolsa e você tenha que pedir ajuda para
outros transeuntes. Mas do caminho você não esquece e, depois de
tudo, segue...
É
assim que a vida acontece.
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