segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Walk on the under line


Passos largos de casa ao trabalho revelam que estou em desvantagem na partida contra o relógio. Mesmo assim vou andando mais por dentro de mim que na calçada. Manoel me entenderia. Entre uma pernada e outra, uma mulher parada na calçada me chama. “Moça, onde fica o Mercado Municipal?”. Na velocidade da luz, me deparo com a primeira, e talvez única, delicadeza do dia: ela me pergunta o caminho.

A mulher não imagina, mas eu me regozijo quando alguém me pede as coordenadas geográficas. “Volte duas quadras, vire à esquerda, ande mais cinco quadras e pronto!, você estará em frente ao mercado”, respondo quase sem conter a emoção. Sorrio interna e longamente, e sigo.

Me satisfaço ao indicar caminhos. Esses pequenos e fugazes momentos em que sei dar a direção me realizam. Como é bom saber chegar a algum lugar. Traçar a rota, levantar a cabeça e, simplesmente, seguir. Sem medo.

Pode ser que você tropece numa pedra solta. Aqui há muitas delas nas calçadas e em dias de chuva, andar por elas, é quase como brincar de amarelinha. Pode ser que venha alguém e te atropele como aquele cara fez com o Vanderlei Cordeiro de Lima em Atenas. Pode ser ainda que alguém te roube a bolsa e você tenha que pedir ajuda para outros transeuntes. Mas do caminho você não esquece e, depois de tudo, segue...

É assim que a vida acontece.

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